sexta-feira, 28 de maio de 2010

Recordação da Escola



AVISO: Espero que gostem de ler textos longos, caso isso nao se verifique nao leiam o seguinte.

As vezes sou evadido pelas recordações da escola secundaria, bons tempos esses digo eu para com os meus botoes. Era o tempo em que tive a primeira namorada, aquela vadia ( que se julgava ser para toda a vida), era o tempo dos ténis rotos de jogar tanto futebol e chegar a casa e levar no focinho, ir para o quarto ligar aparelhagem com o som ao máximo, e fumar um cigarro as escondidas á janela.
Se aprendi alguma coisa na escola? Pois claro que sim, aprendi que existem pessoas que para a maior parte da população estudante são um espectáculo e para mim não passam de uns imbecis com a mania das grandezas.
Só boas recordações, foi nesse tempo que descobri a escrita, sempre fui bom com as letras em contrapartida com os números era um desastre, matemática? Eu detestava aquela merda. Passava as aulas a desenhar, porém os professores sabiam como envergonhar-me, mandavam-me ao quadro, o que era automaticamente o centro das atenções dos betinhos todos, sempre a competirem para ver quem sacava a melhor nota da turma.
Mas houve um professor que nunca esquecerei, era o professor Jonas, era assim que gostava de ser tratado. Entrava assobiar na sala de aula, reparando nos pares de mamas mais salientes e quando passava por mim, chutava logo: como esta o quilo da cocaína lá fora? Eu que nunca fui muito dessas coisas, até ficava contente por ele falar para mim.
O professor Jonas vinhas de uma colheita fina, lembro-me quando nos intervalos fumava um cigarro connosco e alguém dizia vou ali “dar uma queca” o professor preferia dizer lentamente com espaçamento entre as palavras; “vou ali beijar uns lábios femininos”.
Não eram apenas expressões destas que o tornavam um professor popular. Por exemplo, adorava a palavra “brutal”. Estava a sempre a usá-la, e nas circunstâncias mais improváveis. Ele só não misturava brutal na sopa porque era impossível, a comida da escola era uma merda inclusive a sopa também.
O tipo era tramado. Até quando humilhava os alunos fazia questão de actuar com estilo. Pensam que levantava a mão contra alguém? Negativo. Aproximava-se de um desgraçado qualquer distraído na sala de aula – um dos muitos putos impecáveis que trabalhavam desde os 10 anos e nunca tinham tido dinheiro para uns ténis Nike , avaliava-o cuidadosamente e disparava: “Você é homossexual?”
Devo dizer que há tipos que quando ouvem a palavra “homossexual” reagem como se tivessem pegado por engano numa panela a ferver: dão um pulo para trás e gritam: “Foda-se, não!”
É pior se estás na sala e desconheces o significado de uma palavra, toda a turma esta de olhos em ti, ficas cheio de medo, não sabes o que responder, não queres dizer asneira, depois dizes que sim, resignado, e tornas-te o objecto do sadismo cultural daquele professor.
Depois de gozar o prato humilhando o suposto homossexual, o professor escolhia nova vítima e, de voz sedutora, os olhos brilhantes de satisfação pelo que se passaria a seguir, perguntava: “E você, é heterossexual?”
Claro que este rapaz também não conhecia palavras de 25 tostões. Revendo mentalmente a terrível experiência do colega de turma, desconfiando de nova armadilha, respondia com a maior convicção possível: Não stor!

Depois havia ainda aqueles gajos do décimo segundo ano com 25 anos (os grandões) que adoravam gozar com o pessoal mais novo. O primeiro contacto que tive com um grandão deveu-se a uma mera divergência de carácter antropológico, logo no primeiro dia de escola.
O grandão era corpulento, tinha barba cerrada, voz grossa, mau hálito e vestia-se mal, talvez não tivesse uma boa relação com os pais e com toda a família, talvez nunca tivesse dado uma queca por mais vezes que disse-se que sim. Bem não interessa.
Agarrou-me pela camisola e diz;
- Puto de onde é que tu és caralho?
- Sou de Canavezes - respondi sem desviar o olhar.
- Essa merda é só pastorinhos e ovelhas, tu aqui estas fudido, passa para ca um cigarro antes que te partas as fussas.
E lá tive que dar um cigarro, e ir todo fudido para aula rogando pragas a tudo e todos! Uns anos mais tarde dei por mim no 12ºano, os putos adoravam-me e as pitas ainda mais, aposto que devem ter chorado quando fui embora para a faculdade tirar o curso de preguiça aplicada.
De vez em quando passo por la, pela escola, o porteiro ainda é o mesmo faço-lhe sinal com a mão mas ele não retribui provavelmente já não se lembra de mim, mas eu lembro-me todos os dias daquelas tardes passadas a jogar futebol, das boazonas e das Marias rapaz, algumas já teem filhos e outras ate já se casaram!
Só eu é que continuo aqui…

A escrever! Aborrecido? completamente

Rikardo

17 comentários:

  1. se ha coisa que gosto de ler são historias sobre as pessoas que as escrevem, e do que conheço da escrita não podia deixar de ler este texto...
    obrigado por mais uns bons minutos

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  2. Ora aqui está,sem dúvida,um dos melhores textos que tens no teu blogue.
    Já saberias até bem demais que eu ia apreciar.
    As nossas memórias da escola são as que veem a cabeça mais vezes,trazendo muita dor e também alguma saudade.
    Beijo!

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  3. oh deves estar tu melhor aborrecido do que elas casadas a limpar ranho a putos chorões :)
    bom texto, um beijo*

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  4. Este é o melhor texto que tu ja escreveste! Ponto final.

    *Quem me dera ter um stor assim, os meus ou sao bipolares ou esquizofrenicos. Mas acho que no fundo sao boas pessoas, BEM NO FUNDO!

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  5. Micróbio
    Ora essa nao tens que agradecer!
    Fasso isto de boa vontade e fico contente que tenhas gostado!
    ;)

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  6. Claudia
    Antes de mais deixa-me agradecer-te! :D
    Podes crer as memorias da escola sejam boas ou más ficaram sempre tatuadas na nossa memoria!
    Restanos relembrar com um sorriso! :)
    Veleu!
    beijo

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  7. Luna
    Lá isso é verdade elas devem tar aturar sogras e limpar rabos a bebes! Nao as invejo de modo algum!
    Mas bem, é estranho parece que ainda foi ontem, andava eu com elas na escola!
    Coisas da vida!
    beijo

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  8. Catarina
    hehe o melhor? Espero vir a fazer melhor!
    Pois aquele professor era o porreiraço da escola, os outros eram tipo os teus!
    Mas sim o prof's costumam ser boas pessoas, quando estao a durmir!
    Boa gente essa!

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  9. Tenho a mesma sensação quando olho para trás, parece que é igual em todo lado... :) ... Estás aí e muito bem, somos novos. Não me faz qualquer inveja ver muitas das minhas amigas casadas e de "barriga grande". Tenho outros objectivos. Mas sim, são tempos que não se esquecem. Na altura reclamávamos, não sabíamos o quão "felizes" éramos. E agora temos saudades, saudades de poder cometer aquelas pequenas loucuras. :)
    **

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  10. Patricia
    Como eu te entendo, na haltura complicavamos as coisas quando elas eram tao simples!
    Eu ate chego a invejar os putos que andam na escola e quando eles protestam: "que seca tenho que estudar para amanha", so me aptece dar-lhes um sermao daqueles potentes,mas nao quero virar costas e que me chamem velho maluco!
    Yah podes crer,pequenas locuras, mas é sempre bom, ainda nao esta provado se a locura nao se trata da mais elevada coragem e inteligencia

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  11. Mmm...marca de lápis preferida? Olha, para desenhar a grafite só uso o 9B, porque é o mais escuro e é com ele que faço todas as sombras, mas para pintar a cor adoro os da faber castel e caran d'ache. Obrigada, ainda bem que gostaste, ja nao comentavas ha muito ^^

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  12. Bem Rikardo, eu hoje ainda reclamo por ter de estudar. Podes dar-me um sermão... Eh Eh! Já são anos a mais a puxar pela cabeça a ver se chego a algum lado... Mas acredita que agora é que é a doer. Olho para o secundário e chego à mesma conclusão que tu: complicar tanto por nada. Aquela idade difícil em que tínhamos de reclamar sempre por algo.
    Loucura? Loucura é fazer o contrário do que se diz correcto! Loucura é não ter medo! Não ter medo de agir, de falar, de sentir.
    **

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  13. faz-se um mundo das palavras, faz-se das palavras um mundo...o final está impagável
    até porque se é pra pagar....

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  14. Patricia
    Bem estou a ver que vou ter mesmo que te dar um sermão! dos grandes!:)
    Tens razao era-mos adolescenteso suficiente para julgar-mos que eramos adultos a valer.
    Gostei da tua definiçao de locura, assima de tudo sentir! ^^

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  15. tst oproprio
    Exactanete um mundo, mas ambiciosos que sou perciso de um universo! ;)

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  16. ahah! Obrigada, acho que nunca ouvi tantos elogios numa hora! Tal como disse á Luna sou fã da Pantene!^^
    Inda bem que gostaste, eu adorei tudo, voltava lá de boa vontade. Recomendo a toda a gente, é fantastico, mesmo para quem nao é grande apreciador de arte.
    beijo

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  17. Adorei o texto Rikardo (:
    Está excelente!
    Recordar os tempos de escolha é emocionante, demais até!
    Nunca na vida tive um stor desses xD
    Por acaso, quando entrei na secundária não havia desses grandalhões com 25 anos, o q foi muito bom, pois falavam mt mal daqela escola. Agora eu adoro-a!

    Beijinho
    Sara Filipa

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