quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A velhice


Os velhos sao capazes de ficar horas sentados ao lado uns dos outros sem dizer uma palavra sequer, o silencio por vezes é sagrado e até une as pessoas!
Fixam o olhar e a atençao num determinado ponto e mergulham numa nostalgia imensa, onde nenhuma palavra é dita nem precisa de ser, nao ha metáforas nem frases neste mundo que cheguem sequer aflorar a superfície que se sente ou o que se sentiu em tempos.
Por vezes sao distraidos pelos jovens activos e impacientes que quebram sempre o silêncio por entre sorrisos e gracejos.
Lembro-me que o meu avô uma vez me disse que a velhice é o auge da melancolia e a soma desta com a nostalgia é igual a dor, a dor de quem sentiu e nunca mais voltará a sentir, é um album de fotografias projectadas numa mente fragil, que tenta a todo esforço todos os dias recordar e tentar sentir um arrepio na espinha! È ouvir aquela musica e relembrar um momento, é cheirar um perfume e relembrar uma pessoa, é auto amaldiçoar-se por ter dormido noites a mais, ter beijado menos e trabalhado em demasia, a droga angélica do arrependimento ao contrario da cocaina nao se pode snifar!
As vezes sentia raiva de tudo, vocês provavelmente pensam que conhecem a raiva, frieiras continuas, o polegar que se martela, o patrao malicioso, a esposa e o melhor amigo a fazerem um 69 é tudo isto e mais além da sanidade mental!
As vezes recebe-mos visitas aqui no lar, e quando veem finalmente, gotejam malicias e tossem rancores, este odor da tristeza que persiste nas rugas da minha carne, ainda sinto as dobradiças da alma cada vez que vejo pornografia, selvagem de cor e forma, postura escandalosa de curvas ofensivas e petalas salientes!
Rikardo Ramos

Algures!


Taberna!
As nuvens correm negras no céu como um bando de corvos errantes.
A Lua desmaia como a luz de uma vela que acabou de acender!
Fumo um cigarro enrolado em mortalhas de cólera, caminho por entre ruas frias e escuras, sinto o vento, que vem de lá dos cemitérios onde jazem homens errantes que me vigiam por entre as sombras, me falam ao ouvido com vozes grossas que gelam o coração do mais corajoso humano!
Vou pensando que a alma não é como a lua, sempre nua e bela com a sua virgindade eterna, sou distraído pelos que passam e riem de escárnio e agonias por entre soluços!
Ho se eles soubessem a força do meu ódio, se eles soubessem como ferve este meu sangue em que o vapor faz meus olhos em lágrimas, ódio preso no meu peito, odor de raiva no meu hálito, onde estão os homens de coragem agora?
Ao fundo a taberna, alegria para os meus olhos espelhos da minha alma.
Serve-me!
Bebo-lhe a pureza desse luar ao fresco desta noite, mil beijos nas faces molhadas de lágrimas de tristeza!
Ho noites da minha terra, luar das minhas noites, mulheres da minha vida, perfumes embriagadores são os que trazeis que me enchem a alma de amor e o corpo de coisa alguma!
Volto-me para os homens que me acompanharam nesta longa jornada;
Senhores
em nome de sodas as nossas reminiscências, de todos os nossos sonhos que
mentiram, de todas as nossas esperanças que desbotaram, uma ultima saúde!
E bebo, bebo ate ao ultimo suspiro de vida, até uma ultima gota estrepassar a minha garganta, os meus joelhos tremerem e cederem ao peso do meu corpo, ate os meus olhos fecharem e ainda ter força parate dizer
Rikardo Ramos!

Ausência!




Estou num quarto vazio silencioso, apenas as sombras se fazem ouvir, as minhas mãos repousam sobre o teclado gasto do computador, odei-o sentir-me assim, sem saber o que dizer.
Durante todos estes anos tenho vindo a fazer frases feitas para cada situação, mas não me ocorre nada de momento, é ausência de inspiração. Gosto de pensar que esta ultima irá voltar.
Não sou poeta, porem tenho necessidade de escrever poemas, ler e voltar a reler ate encontra a palavra, frase ou metáfora que transmita o que sinto, aqui o galo não canta a anunciar a volta da aurora, os homens turvaram as suas vozes e eu estou cá , onde o sol ousou não voltar, mas não temo sequer, pois venha o que vier não será maior que a minha alma!
Rikardo Ramos!