sábado, 2 de abril de 2011

Sobre o Barcelona e o sexo



Dizem que marcar um golo num grande estádio é o equivalente a um orgasmo.
Os jogadores do Barcelona têm outras ideias: praticam o futebol tântrico.
O objectivo parece ser o de chegar ao orgasmo final, mas preferem prolongar os preliminares. Por isso se perdem em carícias com a bola no meio-campo, à entrada da área, na grande-área, onde lhes for fisicamente possível chegar e acariciar. Raramente rematam de longe, não vá a bola penetrar na baliza demasiado cedo.
É um futebol jogado à luz das velas, acompanhado de morangos e chantili, ao som de música clássica. Os jogadores não suam, cheiram a incenso. Não correm, fazem exercícios de relaxamento. Parecem querer adiar o momento do golo até que o desejo do adepto seja insuportável. No futebol tântrico do Barcelona não existem adversários, apenas mirones.
O Barcelona de vez em quando dá umas cabazadas, umas rapidinhas e tal – o Mourinho não me deixa mentir. Mas estou convencido que no final desses jogos devem pensar: «Ejaculação precoce! Demasiados golos, demasiado depressa, não pode ser».
Às vezes tenho alguma confusão em acompanhar um futebol tão tântrico. Sei que estou a cometer uma heresia futebolística das grandes porque o Barça é a melhor equipa do mundo neste momento e ai de quem desminta, mas há momentos em que aquele futebol me deixa a bocejar.
Uma jogada de ataque do Barcelona é semelhante à publicidade nos intervalos dos filmes: podemos ir fazer xixi à vontade, pois quando voltarmos à sala nem o filme começou nem o Barcelona deixou de fazer tabelinhas à frente da grande-área.
E o adepto inglês que há em mim acaba por ficar sempre a torcer pela equipa adversária.

Bitaites!

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