quarta-feira, 30 de junho de 2010

Memórias


Passava os meus dias ali sentada, eu, o silêncio e o pulsar da minha solidão, olhava por uma janela que me enchia o alma de nada e o corpo de coisa alguma, o vazio dos dias que ali eu contava entre o cheiro a mofo das paredes do meu quarto e os minutos que soluçavam ao pentear as pequenas madeixas loiras da minha triste saudade.
O sol deixara de brilhar, os meus olhos traíam um corpo vestido de mazelas que a idade teima em não perdoar.
Rodolfo, o meu melhor amigo, nunca me abandonara, partilhava comigo as lembranças de uma vida, o mais atento, o mais fiel. Rodolfo era um canário que cantava todos dias para as lágrimas que lavavam o meu rosto, sufocado de dolência.
Fui esquecida pela própria sorte, faltava-me tudo que não tenho, os vocábulos que teimam em ficar mudos, o amor que já partiu, e o abandono da morte que tarda em chegar.
tão só como uma noite sem estrelas.

Hoje adoro quando me dizem para viver um dia de cada vez, até porque tento viver sempre dois ao mesmo tempo

Eva

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