quinta-feira, 25 de junho de 2020

Meritocracia e Cunhas

O filho do papa, é por norma aquele fenotipo da sociedade, designado beto. Que se aproveita do chamado mérito e poder. Ou seja, aquela história de que se trabalhares imenso, estudares imenso e levantares cedo para seres alguém na vida, nem sempre resulta. E porque não resulta? Por causa de uma sociedade infestada de lambe botas e cunhas;

A sociedade não te promove por causa do teu mérito. Promove-te de duas maneiras. Se souberes lamber botas ou se tiveres familiares influentes. Tu que nasceste num bairro pobre, que estudavas e trabalhavas ao mesmo tempo, levantavas cedo para ir trabalhar, enquanto tiravas o teu mestrado durante a noite não vais conseguir aquele lugar que ambicionas, pois já está reservado para o Francisco, cujo pai foi um ex presidente de câmara. Ou seja por norma o individuo não é apreciado, recrutado ou promovido em função de seus méritos (aptidão, trabalho, esforços, competências, inteligência, virtude) e sim por causa da sua origem social (sistema de classes), de sua riqueza e da linhagem de família.

Lamentável que em continuamos a recrutar com base no factor "C" e de outros sinónimos, todos eles indicativos do quanto é, ou pode ser, fácil para determinadas “elites de betos” obter empregos (e promoções) ambicionados por todos.
Por outro lado, quem esta no mercado de trabalho sabe o quanto é difícil de conseguir um emprego, a sua manutenção ou uma promoção por mérito próprio, sendo, no entanto, tal situação facilitada quando se tem um amigo ou um tio bem posicionados ou se pertence a um grupo de betos com privilégios desde o berço.

No entanto, todos nós já tivemos de utilizar uma "cunha" alguma vez na vida, nem que fosse para furar a fila do café, ou para conseguir uma vaga num ginásio da moda. Esta historia da cunha, esta bem enraizada no nosso ADN como portugueses, desde o cordeiro que se entrega ao senhor doutor, até aos bombons  que se oferecem à senhora professora, todos nós já utilizamos uma cunha, uma vez na vida.

Quais são as consequências ?
Portugal mergulhou desde 2007 numa crise que provocou desemprego, congelou carreiras, e fez malta altamente qualificada, não tendo oportunidades em Portugal, e tendo-se apercebido destes esquemas, escolhessem emigrar. Escolheram com um aperto no peito mas a escolha foi a mais racional, países cujas sociedades são bem mais meritocráticas e te promovem com mais facilidade, desde que, sejas um tipo trabalhador. Se fores reconhecido lá fora, alguém vai dizer:
È português!! Enquanto cá ninguém te ligou puto, lá fora foste reconhecido e ai sim, és aplaudido pelos betos que ficaram com o teu lugar.

A meritocracia, promove que sejas "louvado" com base no teu esforço e mérito próprio, é fundamental para tornar os países mais desenvolvidos o que não acontece de todo neste país.
Os sociologos chama-lhe networking. Os empregos escasseiam e ter uma boa rede de contactos pode salvar-nos o couro. Mas onde termina o networking e começa a cunha. E porque é que não vamos para a frente? Terá sido por anos de ditadura?





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