terça-feira, 30 de abril de 2019

Caspar David Friedrich

Sempre fui um tipo voltado para as artes. Já com os números era um desastre, zanguei-me com a matemática logo na escola primária, e nunca fizemos as pazes. Sou do tempo que as professoras, proferiam bofetadas sem piedade. Nunca soube a tabuada, e trouxe-me repercussões negativas para a minha vida mais tarde.
Em contra partida, sempre tive um bom traço, para o desenho. Nunca fui um tipo popular na escola, mas recordo-me quando todos me idolatravam nas aulas de Educação Visual, quando o professor mostrava os meus trabalhos á turma. Surgia de repente um "Wowww" em coro.

Na altura, não tinha possibilidade de visitar museus ou ler livros de arte, não se falava em internet. Por isso fui sempre um autodidata. Hoje em dia, vejo desenhos e arte de outro tipo artistas e considero que não sou nada, ao lado deles. Durante anos deixei de desenhar e perdi algum do meu traço e criatividade.

Quando surgiu a internet na minha vida, comecei a interessar-me por arte, não como artista, mas como espectador. Foi quando fiquei obcecado pela pintura de Caspar David Friedrich.
Basicamente identifiquei-me com a sua solidão que retrata nas suas pinturas, que são facilmente reconhecidas. De repente somos transportados para dentro daquela cena, deixamo-nos envolver com aquele manto escuro, de atmosfera fúnebre e tenebrosa. Os seus quadros, são marcados por uma profunda comunhão com a natureza, que não era apenas e simplesmente um plano de fundo. A natureza era de facto o ator principal da cena.
Friedrich podia transformar paisagens de uma mera floresta numa cena do país das maravilhas arborizado, onde cada ramo simbolizava algo maior, algo mais profundo.


Uma das minhas obras preferidas de Caspar, é "Evening".
Ao observarmos o quadro, vemos dois vultos no meio da floresta que quase passam despercebidos, com as cores do crepúsculo ao fundo, um laranja muito tímido.
Quase que podemos ouvir os seres da noite, na imensidão daquela escuridão. A paisagem pode ser assustadora para uns, mas bela, nunca a solidão foi tão bela.
Seriam aqueles dois vultos um casal, no fim da sua jornada pela estrada da vida ?

Outra das obras mais conhecidas de Caspar, é "o Homem e o mar de nevoeiro", este titulo acaba pro ter várias designações.
Este quadro pode ter várias interpretações, a figura humana central está a contemplar, hipnotizada pela neblina do mar  de nevoeiro. Será o nevoeiro o futuro incerto?
Ao estar colocado de costas para o observador, existe um certo mistério, e permite que o espectador  partilhe também da envolvência da cena e da experiencia pessoal da pessoa retratada no quadro.

È impossível para mim, eleger as minhas obras preferidas, todas são muito boas e ricas em espiritualidade e evocando um anseio pelo desconhecido. Muitas das vezes as suas pinturas parecem
incorporar tanto a melancolia, e o consolo da fé cristã.

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